sábado, 29 de janeiro de 2005

este titulo

este post

é um exercício de regurgitação. exercício de vomitar estruturas. de repetir estruturas em exercício. de estruturar o exercício do vômito. palavras nobres de feições, as próprias feições palavras e a nobreza é feição. enfeiar, ironizar, repetir. exaurir e regurgitar, criar um cheio, um massivo, um.
som, luz, espaço, gradação. agradabilidade, engrandece não degrada. este post é um exercício preso.

entrecortes de linhas cortes que desabilitam o tema. alcançada a tarefa? prenda-se o exercício, acontecimentos entremeados, cometer um post.

eu e o linguado, parte VI

hoje resolvi saber mais sobre o linguado como ser vivo, já que sei muito sobre ele como elemento textual. o linguado é um nome mais ou menos abrangente pra uma série de peixes da mesma família, os pleuronectídeos. comecei fazendo uma pesquisa simples no google por "linguado" e foi um pouco desconcertante ver a quantidade de receitas que existem... lembrei da parte do livro do günter grass em que as senhoras do júri decidem preparar o linguado na manteiga. fica mesmo ótimo. mas o que foi engracado é que fiquei um pouco assombrada, preferi pensar nele como ser vivo e muito vivo, na água, no sal, do que como comida. é bem engraçado e um pouco encantador pensar nesse mistério pessoal que acho que criei em torno do linguado, em como ele está presente e fixo no meu campo lexical, no campo imagético, ele tá aí. de qualquer maneira, descobri vários nomes científicos para designar as espécies mais conhecidas de linguado e solha, tem até um brasileiro. pleuronectes vem do grego pleuron, "costela" e nektos, "nadar".

quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

E agora?

Posso dizer que estou formada.
Sou designer gráfica, e aí? O que vai acontecer agora?
Era pra eu ter passado na seleção do mestrado em teoria literária, porque então ficaria dois anos sendo paga para estudar o que gosto, depois emendaria mais quatro anos, e o resto é história. Agora tenho um ano inteiro pela frente antes de tentar de novo, mas não quero ser designer. Meu diploma vai olhar pra mim com ressentimento, talvez eu o ponha num quadrinho só pra alegrar a situação. E ainda por cima tenho que escrever um discurso de oradora pra formatura, logo que eu que não quero ser designer!
Se bem que essa é a melhor parte da bagunça. É a menos deslocada, porque envolve algo que quero fazer. Posso imaginar que sou uma ghostwriter escrevendo um discurso pra um aluno de design que não sabe redigir. Que cobrei uma taxa por ter que entrar também com as idéias e não só com o estilo e a correção, então ainda vou faturar. Vai que o aluno é filho da dona da academia de tênis, por exemplo, maior grana.

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Maíra Mendes Galvão
mairagalvao@terra.com.br

Serviços prestados:
• tradução e versão português/inglês
• leitura crítica de textos literários, ensaísticos e acadêmicos em geral
• consultoria de produção editorial (conceito visual)
• ghostwriting
• revisão em português e inglês

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E aí, prestou?
Ou é melhor assim:

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Maíra M.
Seja você mesmo um autor! Eu escrevo, você ganha o mérito, sigilo total.
Fazemos também tradução e versão, além de revisar seu português ou inglês!
Ainda oferecemos avaliação completa de texto e criamos o conceito visual: seu livro pronto e funcionando!
Escreva-nos já: mairagalvao@terra.com.br

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Hihi...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2005

Hoje e meu aniversario

e vou fazer uma lista do que quero:

1. PAZ
2. relaxar
3. relaxar
4. relaxar
5. curtir o sol lindíssimo que tá fazendo
6. ficar feliz
7. sorrir
8. comer
9. beber
10. ouvir música
11. ver as pessoas amadas
12. ver as pessoas ainda não amadas
13. passar batido pelas pessoas urubuzentas
14. tomar sorvete
15. não me preocupar com pn e fazer o que eu bem entender
16. que me paguem bebidas e comida porque hoje não tou com grana
17. respirarrrrrr
18. hmmm respirar de novo
19. ouvir música
20. tomar banho
21. lavar o cabelo
22. pensar na praia
23. ler o que eu bem quiser, e não porque tá na bibliografia
24. ver fotos
25. dar um abraço na minha mãe
26. ver meus primos
27. fazer alguma coisa inesperada
28. tacar o foda-se
29. oi, tudo bem?
30. obrigada!!!
31. comer crepe de graça
32. ter surpresas
33. qualquer coisa
34. dormir mais um pouquinho, mas só um pouco pra não perder nada
35. ser legal
36. parar com esta lista
37. ou não

taxonomias

são lindas =)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

depois da carga

depois que passaram seleção de mestrado e apresentação de diplomação, ficou um vazio grande, talvez até maior que o alívio. tudo bem... o que não pode é deixar de encontrar outras coisas pra preencher. e isso acontece com muita gente. e o que não falta é opção.
ah, estou quase de férias =)))

segunda-feira, 17 de janeiro de 2005

The day after today

Abby,
Fiz prova com a caneta vermelha, a tinta quase secou. O dia começou mais tarde, depois de um período não de horas, mas de nanocontinuum compartilhado em duas vozes. Estou com pouca vontade de ser solene... Duas goloss: tenor e barítona.
Hoje comprei molokoderivados e outros mimos para fazer o que prometi antes de você ficar à distância de cartas. E também um carmenere, cor de viúvo e enfermeiro, na promoção. Acho que esgotei minha gullliver de palavras.
Até bem logo,
Margot.

domingo, 16 de janeiro de 2005

post improvisado

não sei o que escrever e não estou a fim de planejar. vai sair com cara de momento.
procurando no google textos pra tentar engambelar na prova do mestrado. que vergonha de não ter estudado pra essa prova. a cada minuto que passa quero mais esse mestrado... quanto mais ele me escapa mais eu quero. mas ao mesmo tempo quanto mais me escapa mais não me importo em tentar o próximo. é. se não der nesse, pro outro eu estudo esses livros chatíssimos e prolixos da bibliografia e passo. e eu sei que no próximo semestre vai surgir algo outro pra eu fazer. um emprego, ou vários freelas. ou uma viagem. ou um brinquedo.
estou cansada mentalmente........... cansada demais pra ficar lendo páginas e páginas sobre como o mundo na boca do pantagruel poderia ser uma vila na frança e bla bla bla. mergulha, caramba! celacanto é mais legal do que água-viva.
ih, acabei de ver uma teia de aranha no meu porta-cd. se todo mundo limpasse teia de aranha o tempo todo elas teriam vida mais curta. talvez daqui a uns séculos isso fosse mesmo característica das aranhas. não sei o quanto as pessoas limpam teia de aranha, mas aqui em casa volta e meia tem. quando eu vejo uma, até tiro, mas sempre fico pensando nas aranhas.
quando eu como peixe penso nele nadando e com pele e penso no que ele come. até quando eu como mandioca, por exemplo, penso no que ela come. às vezes. e quando eu conto até dez penso em quando era criança. e quando como bolo de chocolate não penso em m... nenhuma. e quando estou com muito sono penso no cachorro da vizinha, em escada rolante, na textura dos dentes, no pedaço do céu à noite que fica acima do meu quintal ali atrás da minha cama, porque eu até já sei mais ou menos como ele é de cor.
ah, chega.

sábado, 15 de janeiro de 2005

top 5 do dia

TOP 5s de músicas que gosto de ouvir em seqüência
Do mesmo

1) I didn't understand e Everybody cares, everybody understands - Elliott Smith
2) Surf's Up e 'Till I die - Beach Boys
3) Nobody's fault but mine e Suzanne - Na voz de Nina Simone
4) Ovo e Bebê - Hermeto Paschoal
5) I am the ressurrection e Fool's Gold - Stone Roses

De dois diferentes

1) Green Typewriters (Olivia Tremor Control) e Supernaut (Black Sabbath)
2) Crosstown traffic (Jimi Hendrix) e Bonnie and Clyde (Serge Gainsbourg)
3) The great deceiver (King Crimson) e Come Together (Spiritualized)
4) Electricity (Spiritualized) e Blow up the outside world (Soundgarden)
5) Wah wah (George Harrison) e Light and Day (Polyphonic Spree)

TOP 5 músicas que gosto de ouvir sozinhas
1) Verklarte Nacht - Arnold Schoenberg
2) Peaches en Regalia - Frank Zappa
3) Under Pressure - Queen & David Bowie
4) El Pajaro - Lhasa
5) Stimmung - Stockhausen

sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

hoje estou dodoi

e com vontade de escrever coisas simples.

todo ano faço festa de aniversário, quem é próximo sabe. neste ano desisti de fazer. acho que pode ser bom pra mim me concentrar em outras coisas. quero viajar e arrumar meu quarto, e pra isso preciso de paitrocínio, não quero que eles invistam numa festa, portanto. acho que dar a festa do próprio aniversário não deixa de ser um pouco solitário. uma tentativa de juntar um monte de gente te dando parabéns e tentativa de agradar todo mundo, também. é claro que é ótimo reunir pessoas queridas, comemorar passagens, celebrar. mas muita coisa mudou ano passado. eu mudei muito. acho que pode ser uma boa experiência deixar rolar. não planejar muito esse aniversário. confiar que vou estar perto das pessoas que eu gosto e que gostam de mim, independente de festa.
essa festa de aniversário ia ser também a comemoração da minha graduação, mas isso eu vou comemorar de qualquer jeito. no dia da apresentação do trabalho, na colação, enfim... vale a mesma lógica. a comemoração melhor e mais importante neste ano vai ser interna. sem querer soar como filme edificante, o fato é que tenho muito a dar valor e quero que o fechamento de mais um ciclo aconteça de forma natural, sem expectativas.

aliás, quem estiver lendo este blog e quiser ver a apresentação do meu projeto de final de curso, será na sexta feira dia 21 de janeiro, às 9h no auditório da reitoria da UnB.

Memorial da vida academica.

O projeto final do curso de Desenho Industrial ilustra propensão acadêmica vinda de berço: um livro de encadernação sem cadernos, organização prismática, estrutura de entremeios, multidsciplinaridade. Em meados de 2002, meio de curso, soluço de direção acadêmica. Quase mudança, cerceada pela decisão terminar o já iniciado. Assim, o letramento correu paralelo, em grupo de estudos extra-acadêmico, porém calcado em textos basilares teóricos, estéticos, literários. Aristóteles, Bakhtin, Barthes, Benjamin, Blanchot, Borges, Bornheim, Butor, Calvino, Campos, Campos, Compagnon, Cortázar, Derrida, Dourado, Eco, Eliot, Eyben, Foucault, Gadamer, Genette, Hegel, Heidegger, Jakobson, Kant, Kothe, Kristeva, Costa Lima, Maiakóvski, Mallarmé, Melo Neto, Nunes, OuLiPo, Paz, Perrone-Moisés, Platão, Ponge, Pound, Riffaterre, Rosa, Todorov, Torrano, Valéry. E ainda Kafka, Lispector, Saramago, Baudelaire, Celan, Poe, Homero, Arnaut Daniel, Cavalcanti, Villon, Donne, Flaubert, Dostoiévski, Carroll, Joyce, Eliot, Andrade, Popa, até a produção dos integrantes do grupo.
O passo a ser dado é desvelamento de estigma; casamento, é formalização aspirada desde as primeiras leituras: lombadas nas prateleiras inferiores, à altura dos olhos que ainda (já) não sabem a diferença, lêem não como signo e representação, mas como contingência, coisa, encanto próprio. O caminho é entrecruzado, mas não perde direção. Nele vêem-se trabalhos técnicos, muitos traços, volumes, cores, algum respiro de filosofia, talvez esteio. A pergunta que permeia todo ele, vinda dos que o assistem: mas e as letras? Em convergência não tão surpreendente quanto finalmente assumida e em vias de ser alcançada, aqui está, bate à porta.

(isso foi mandado pra inscrição no processo de seleção do mestrado...)

terça-feira, 11 de janeiro de 2005

Nanodear Abby S. Dear

Notar, permitir, provocar, evitar. Nanodiferenças. Escrevo-te sempre com uma caneta azul, esferográfica, ponta não-fina. O corpo dela é vermelho-transparente, cilíndrico por fora e facetado verticalmente por dentro. Na mediatriz do corpo, a marca: serigrafia branca, com telefone, de Brasília: Clarion. A tampa é vermelha quase transparente, fosca de textura microgranulada. Tem na ponta oposta à esfera um círculo, vermelho-opaco, quando a criança era criança gostava de mastigar e as canetas da casa ficavam desprotegidas. Proteção é uma palavra nanofeinha, mas uma boa palavra, estala na boca, depois dela vem o conforto. Outra por si só nanofeia, mas muito boa de dizer, traz alívio bom de travesseirinho. De deitar em forma de abraço. Você pega minhas nanopalavras e abre as entrelinhas um pouco só, e as deita; acho nanoformidável.

Não recebi a pergunta, estou bem, fazendo os extremos tocarem-se, fechando e abrindo ciclos, com serenidade e staccatos de calafrios. Assim é bom.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

Chuva, crescente.

Algumas coisas mudam de estado de forma quase brusca. Queria saber como funciona esse mecanismo. Aproximação não acontece pouco a pouco. Acontece enquanto a gente dorme, quando faz coisas que sempre fizemos. Acontece continuamente, nas associações ínfimas do espírito. Nas conexões inumeráveis e instantâneas do percurso. E, em determinado momento, emergem. Por que nesse ou naquele momento? Como saber qual sinapse, qual das conexões em meio ao massivo dinâmico? As coisas mudam de estado. Ou sempre estão e a perspectiva muda. Tiramos fotos de pontos emersos. Quão expostos são?

sábado, 8 de janeiro de 2005

Quando a crianca era crianca

O quão falsa é essa ficção, Abby Dear?
Vai contra meus princípios, lindamente contra: o quão falsa é?
Sei que não há medida para isso. Mas a pergunta certa então pode ser: é pseudo-ficção ou hiper-realidade?
Te pergunto demais, não é? Fiz de novo.
Você entende. Eu gosto disso.

Foi bom poder dizer a alguém que ainda vou levantar vôo. Enche meu coração de esperanças e meus ossos de ar, um dia ainda vou. É natural... vem com pedacinhos de momentos ensolarados, passos, um quase-susto, sensação de preenchimento, também de ar. Pronto. Estou pronta para voar. Alguma coisa aí pesa de novo, acho que aquela dos silogismos perfeitos.

E além do fetiche percebi que o que poderia ser ordinário não necessariamente o é, aquele diálogo comprimido, confissões cabeludas e tão honestas que nada herméticas, que desajeitadas, queridas. Um mimo, Mr. Dear. Não se desculpe novamente por sua pieguice. É um mimo, uma coisa que não sei nomear, preciso um dia te mostrar o som dessa coisa, porque não é transliterável, é som. Gesto, como sempre gosto de dizer. Ou se desculpe, se quiser, também aprecio esse desajeito. Nanodesajeito.

Nano é palavra que não merece uso minimizante, vamos convencionar que serve para coisas ínfimas que catalisam grandezas imensas, abrangentes e extraordinárias? Porque é uma palavra ninável. Quer saber um adjetivo pra ela? Aquele som de que te falei antes.

P.S.: Já estamos precisando praticamente fazer uma lista por escrito das imagens em movimento potenciais momentos compartilhados.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2005

nunca pensei que fosse postar 2, 3 vezes por dia.

Me ocorreu que posso estar embasbacada com as palavras. O que é aquilo em que mais acredito no mundo da pretensa razão? Que o texto não é mera representação do mundo real. Algumas vezes, isso chega a ser uma assíntota. Tendendo a zero. Tenho esse cacoete de tender o mundo a zero. Expor a palavra. Então parece que o perigo só aumenta. Abby, tenho medo de você não me perdoar pelos meus fetiches. Ou ainda de isso ir além do perdão, não haver reverso, mas sim cinza, muita poeira, escombros, pouca visibilidade.



Lembra daquela música do Balão Mágico "cola o seu retrato no meu, pra ver se cola"? Queria querer que as coisas fossem simples assim. Mas nem isso quero. Se o fizesse, seria pura retórica.

Mas esse medo todo não cobriu a luminosidade absurda do dia. Hoje quero o sol em toda parte, sendo fetiche ou não.

Abby!

Acabo de voltar de um banho de luz. Siga o dia e procure o sol. Vá até o sol. O som que imediatamente não me ocorreu, ao invés dele a boa sorte. Abri as janelas, assim. Recolhi os cacos. Enrolei. Abri. Gestos vocais de menina, menos rude do que o esperado. Seguiu-se de outro ponto, esse mais comprido, milhas mais longe, abrace-me agora. O sol entrava, um pouco, o suficiente. O sol já marcado em mim. O sol que é o mesmo. Foi natural então seguir-se o dia, alcançar o sol. O som do sol, tão mas tão agradável que parece cosquinha. Ou areia um pouco fina. Uma onda não muito forte. Brisa. No meio da tranqüilidade me fiz mais uma vez a pergunta. O que é isso?

quinta-feira, 6 de janeiro de 2005

Oi Abby,

só uma nota rápida.
Não construa nada em cima de nuvem de polaridades. Não agora. Deixe que se construam por si mesmas as decorrências, na verdade é sempre assim. Ou parece assim para nós que somos truncados quanto mais queremos silogismos perfeitos.

HSIEN, 31

dear abby,

a carta verdadeira é a que foi publicada. a escrita antes dela é uma tentativa de estabelecer comunicação ordinária. a+b. só que não gosto de tratar as coisas que me tocam de forma ordinária. se dependesse de mim, quase tudo na minha vida seria extraordinário. quem sabe um dia chego lá.
ontem (hoje) de madrugada comecei a escrever mais uma carta, mesmo antes da resposta, como já está virando costume =)
chamaria-se HSIEN, seria esse o título que eu poria. ela começaria assim:

"Uma daquelas respostas que sempre quis obter. Ela veio, não para afligir, mas para acalmar. Alimentar a confiança. Confiar em diversos caminhos possíveis. Deixa sair, assim como deixou entrar. É bom e bonito o movimento de boas-vindas, e foi quase inesperado, coisa que só se toma nota depois que acontece."

mas estava esgotada, não terminei.
hoje saí de casa decidida a ampliar a distância. a recalibrar as distâncias. porque são várias e diferentes. algumas delas estão sendo contidas por essas cartas, cartas e muitas vozes que fazem tocar extremidades. extremos são atraentes. temíveis, atraentes, distantes, triunfos. mas também cargas, pontas, objetos cosmológicos. campos magnéticos.
eu tenho vontade de explorar os extremos. mas tenho medo. enquanto me atraem e repelem, sinto-me preenchida e radiante.
mas volta a mim a idéia da ampliação. talvez eu possa fazer dela algo extraordinário também, e assim abraçar essa idéia com mais força. abraçar a amplitude da decisão de dar um passo atrás. honestamente, me ocorreu agora que a amplitude está em toda parte, passo a frente passo atrás, sempre o espaço. o mundo é largo. é longo. é pontual. pensa: america. o quão amplo é esse signo, esse ponto america. o quão longo. seu percurso pontual e deliciosamente comprido?

acho que mais dia menos dia vou ter que te mostrar a carta falsa. talvez o ordinário tenha que emergir. já devia ter emergido, de acordo com a lei planetária. perdoe-me por meu gosto abusivo pelo extraordinário. realmente espero que você me possa perdoar. não é fácil, mas é extremamente atrativo ter que agir em terreno alienígena, estranho, volúvel, feito de expectativas e julgamentos, um pouco de impressões. sem poder medir exatamente o grau de interação. sendo um parâmetro incerto.

só mais uma pergunta: como você soube, abby abby, que a carta era pra você?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2005

Abby, Abby,

De volta ao papel. Fui à tela escrever-te uma carta menos texto, mais clara. Mas não era eu, era confusão e muito barulho causado por falta de vaidade. Como já havia dito, vaidade é motor de muita coisa. Sem ela, não há identidade. Pensa em tudo o que não existiria não fosse a vaidade. É impossível conceber, já que esse mesmo pensamento é viabilizado por ela.
Mais um dia, mais uma carta. Mais texto. Confusão e entremeios vão sempre existir, assim como tentativas de solução. Assim como quase-atitudes altruístas de não-intervenção. Agora pensa bem: não tem como não intervir. Talvez seja melhor admitir, assumir. Viver a intervenção até o talo, procurá-la, perseguir o fulcro das coisas, saber que ele se move.
Mais um dia, mais falta de condições, mais afeto. Espaço. Estou me movimentando. Percebeu que estou quase ignorando as colocações pronominais? Ter consciência é ter escolha de transgredir. Fazer isso com regras gramaticais é estilo, displicência ou só algo que não acarreta muito, passa sem ser notado. Coisa de iniciados. Quem é iniciado em mim? Em você? Em mundo-(eu+você)? Não existe. Por isso, existe transgressão? Alguém é iniciado, afinal de contas, em alguém? O mundo pode ser subtraído? Pode haver resultado para a adição infinita que deve ser o mundo? São só palavras, muletas usadas para que eu não pare de sentir a (interrupção para uma versão turbo hiper mega plus do que eu ia descrever)


comentário post scriptum: sinto-me subversiva. assim como alex pós-reversão. ahhh, alívio. salvei a carta em tela num canto, para registrar que existe. mas esta é a verdadeira. as entrelinhas falam mais alto e atuam sem falsidade. sinceridade dura segundos. essa é uma frase a se considerar que foi feita na carta em tela. sinceridade dura segundos, existem correntes dela fragmentadas, passando pelas entrelinhas. quando tentei falar pelas linhas certas, ficou sem ter por onde passar. de tanto querer que existisse. enfim. agora sim.

dear abby,

Provavelmente não tenho o direito de escrever assim. Perdoe meu excesso, é coisa de quem nunca escreve sem vaidade. Parece que muitas coisas são movidas a vaidade. É difícil, acho, até mesmo saber onde começa e termina a vaidade. Ou ela camufla-se de sentimento ou não faz muita diferença. Poderia pensar sempre que o que vale é a presença. O fenômeno e não a "verdade". Provável que não haja verdade nas emoções. Quem inventou verdade foi a razão, inventada para suportar a emoção. Nesse caso não se pode ignorar a razão também. Ela participa do fenômeno. Tanto que esta "carta" existe. O que aparece mais, o texto ou o motor dele? O texto. Ele é o próprio motor. Escrevo para escrever. Não quero alcançar nada que não seja um texto. Agora praticamente sou um texto. Leia, ele pode alcançar-te como não mais que um texto. Qualquer outra coisa é criação sua, razão. Mas por ser uma espécie de carta, posso ter que admitir mais do que texto. Uma nuvem de vapor difuso, sem verdades ou inverdades, sem carga para que seja classificado. Um monte de coisas sem contraste, piscam e apagam, já fiz isso muitas vezes. É sempre igual por sempre ser diferente. Uma cultura proliferando-se sem controle, sem meio até, só ela escapando. Sem alcance. Com todo o universo ao mesmo tempo. A coisa vai inevitavelmente para esse lado. Do universo. Sabia que de fato o texto está sendo composto à mão, caneta, papel e madrugada? De pequenas pistas de fluxos mentais, palavras já conhecidas, arquétipos pessoais. Não tenho o direito de ir além. Ser prosaico é um bem, recolher-se. Querer segurar o instante, não funciona. Talvez nem no texto. Tenho dificuldade em aceitar a evolução das coisas, quero sempre dinamismo inoculado, coágulo de fluxos, fotos. Progresso pessoal feito de inúmeros coágulos. Vou dar um e vários sorrisos, comemorar o texto, abraçar seja lá o que.

Não é hora ainda de parar, ainda reajo, não mudou a cor. Talvez tenha voltado só para dizer que a ponta do fio está desencapada e que finalmente estou começando a achar isto engraçado. Usar metáforas ao invés de pura evasão, o que é isso? Não respondo, não faz mal, estou com sono. Agradeço. Rezo para pessoas como eu, não muito para o céu, um tanto mais para a própria reza. Peço às pessoas em minha reza para que olhem por mim e por si mesmas e para que tenham paciência. Peço a mim que busque paz e não se esqueça de diversificar. De ser abrangente. Pegue a caneta. Feche os olhos. Abra antes de ser levada. Desligue até o último aparelho com estática. Deixe a luz necessária para o texto. Escute a chuva. Faça planos para amanhã. Deseje bem às pessoas queridas. Dê adeus ao texto, diga que é soprado que nem cola; um texto de recomendação, agradecimento, presença ainda que pontual, amor incondicional.

domingo, 2 de janeiro de 2005

tia do rock? acho que nao.

ainda está ali embaixo um post que escrevi sobre ser uma tia do rock, coisa e tal.
apesar de meu gosto musical ainda ser um samba do crioulo doido, de eu de fato não ter abandonado de vez o rock, acho que parei com a mania de sentir-me velha. isso era um absurdo ululante. e argumentos com bases obscuras são os melhores. já que todo argumento é um pouco fetichista.
ando divertida nesses rocks da vida, vestindo a camisa (e a saia curta) sem piedade. fomentando, se tudo der certo, a famigerada fila. contradizendo, ciclotimizando o crioulo. não é doido, é bipolar. eu não, ele.
espero que seja genuíno. ou melhor, se for genuíno, que diferença faz? a presença é que conta. o importante é estar presente. quando se está ausente, é presença em lugar nenhum. ou em outro que pode ser um pouco diferente do primeiro, só um pouco, um erro de tipografia.
ontem fiz biscoito de aveia e não deu certo. e assisti um filme comendo pipoca, sem que elas acabassem, porque o filme não era do tipo de comer pipoca, mas sim de tomar um leitinho.