quinta-feira, 30 de março de 2006

mas sabe, só agora que o fiz percebo que sempre quis ter um post com esse título abaixo.



aproveitando as good vibes, vou postar a letra de uma música aqui em homenagem a uma pessoa muito peculiar e querida.
ah, antes quero dizer que é de fato impressionante o número de pessoas peculiares e queridas que já conheci na vida. é um privilégio e agradeço todos os dias. não falo por falar. se juntar todas essas pessoas, diga-se que eu amo um ser mais-do-que-extraordinário. obrigada, queridos, por fazerem parte desse gigante de amor no meu coração.

agora chega de rasgação de seda.

com a palavra, mr. donny hathaway:

Someday We'll All Be Free

Hang on to the world as it spins around
Just don't let the spin get you down
Things are moving fast, Hold on tight and you will last
Keep your self respect, your manly pride
Get yourself in gear, keep your stride
Never mind your fears, brighter days will soon be here
Take it from me, someday we'll all be free

Keep on walking tall, hold your head up high.
Lay your dreams right up to the sky.
Sing your greatest song, and you'll keep going on, going on.
Take it from me, someday we'll all be free
Just wait and see, someday we'll all be free
Take it from me, someday we'll all be free
It won't be long...


Simples, mas sincera. Cheers!

give me plenty of that guitar

uma das coisas de que mais tenho ternura na vida é o começo de "any road", do george harrison, em que se pode escutá-lo fazer esse singelo pedido.

=)

sexta-feira, 24 de março de 2006

the male is basically an anymale

o discurso amoroso é feminino e o científico é masculino. a percepção do conhecimento foi construída, no ocidente, de acordo com o crescimento da sociedade patriarcal. é triste e atrasado o fato de que as mulheres, para produzir conhecimento, em geral precisam travestir seu discurso como o de um homem. a ciência permite racionalização, constatação, experiência física; mas o ser humano é feito apenas disso? por que separar o homem e a ciência se é praticamente fato dado que, ao sermos o observador, modificamos o objeto? o ser humano não é apenas homem. e a mulher é condutora principal de outras instâncias desse ser: a emoção, a espiritualidade, a intuição/sensação. o discurso da ciência pode se beneficiar muito disso ao incorporar o que falta de humanidade em sua estrutura, pode ser mais perceptivo e, assim, abrir caminho para muito mais respostas. o discurso amoroso pode se beneficiar do masculino ao incorporar o prático, o resiliente, o racional e, assim, não padecer de tanta insegurança, expectativa, fantasia. o homem não deve precisar travestir seu discurso para ter paz junto a uma mulher.

recapitulando: intuição não é expectativa, emoção não é insegurança e espiritualidade não é fantasia.
vamos enriquecer as relações humanas e trazer o benefício do entremeio.
as comunidades pequenas, onde se vê maior proximidade entre as pessoas, são faróis de humanidade e sustentabilidade, mesmo que de luz fraquinha, ainda. quem está próximo, se preocupa. questões tendem a ser superadas em conjunto. existe um pouco menos de desigualdade de oportunidade e de iniciativa para homens e mulheres. acho que deveríamos aproximar as telas, aproximar os olhos.

quem está acostumado a me ver falando coisas ruins sobre a postura feminina nos relacionamentos, entenda que realmente preciso mudar meu modo de dizer, mas que há algo em que realmente acredito por trás do falatório... ambos os lados não souberam olhar um para o outro e criar sua dialética. viva a diferença, mas viva ainda mais o diálogo entre as diferenças.

sexta-feira, 17 de março de 2006

este post resiliente

ano passado fiz duas revisões para o iphan, de revistas do patrimônio. a primeira foi sobre museus e a segunda sobre biodiversidade e patrimônio imaterial.
a revista de museus já havia sido revisada por três pessoas com idades variadas, acima dos quarenta anos possivelmente. mas, infelizmente, foi muito mal-feita, e precisei de muito tempo para terminar esse trabalho. foi uma segunda revisão que deve ter salvado o texto. sem falsa modéstia, pois é apenas uma coisa quase mecânica.
mas o fato é que a revista saiu e meu nome não está nela. constam os nomes dos três e só...
poxa, fiquei muito triste. eles são pessoas estabelecidas na vida, e eu estou construindo minha carreira e mal comecei. preciso muito disso.

acho que o erro foi ter feito esse trabalho com o intermédio da minha mãe, que trabalha no departamento de promoção do iphan. de forma inconsciente, creio eu, devem ter-me levado menos a sério por ser filha dela, vários me conhecem desde pequena. assim, vou mandar um email pra lá polidamente pedindo para que publiquem uma errata na próxima edição, dizendo que a revisão final foi feita por mim. sem contar que revisei sozinha essa edição. precisa dizer algo mais?

sexta-feira, 10 de março de 2006

the walk of life*

hoje pensei que não preciso mais sentir culpa por às vezes curtir mesmo uma fossa.
acho que, em alguma idade após os 18, sempre que me sentia triste e confortável, também ficava envergonhada por repetir, teoricamente, um mecanismo típico adolescente.
mas era diferente... servia para fins de revolta, falta de fins mesmo, pra berrar. e, assim, continuar parada e a praticar a negligência enquanto tudo despenca.
e foi assim que percebi que, agora, estimo muito essa falta de palpite que dá às vezes porque ela faz crescer, porque aprendi a condicionar esses momentos a uma reação quase imediata de resolver, de superar, de deixar sentir para que passe no tempo certo.

* a celebrar o retorno das peripatéticas

segunda-feira, 6 de março de 2006

a maioria das pessoas nunca encontra o amor

encontra chão de cinza e confunde

encontra progressões nas aberturas

as pessoas não sabem onde fica o claustro

não encontram o território das confluências

não entendem, perdem o tato e o floema

o puído do cordato, o aberto, o vazio

pisam as veias que se entremeiam e então

se perdem do foco e manipulam simulacro

digamos que gosto pouco

Já experimentou dizer a alguém que "não gosta muito" de alguma coisa, por exemplo, de pintura ou de Strokes? Com certeza ouviu ou ouvirá a pessoa dizer o seguinte, em outra ocasião: "ei, era você que não gostava de pintura, né?"
Mas veja bem, você gosta sim, de pintura e de Strokes, não tem críticas ferozes a fazer, só não ama.
A negativa é o que fica marcado na memória.
Vamos fazer assim: quando a gente não for lá muito fã de algo, melhor evitar o "não". Melhor dizer "gosto um pouco de andar de bicicleta".
É um jeito de poupar explicações.