segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

luta para acreditar ou descreditar

olá amigos... alguns comentários me lembraram que tenho este blog. precisava postar algo!
não tem como este não ser um daqueles posts pessoais.
pra quem me conhece há anos e para aqueles que nem me conhecem, mas são curiosos com as gentes.
passei a vida toda (o que pra mim são 25 anos) sem saber responder a pergunta "de que você mais gosta? " ou "o que quer fazer por toda a vida?", mas sempre com uma direção razoavelmente específica. que era o campo das humanas... começava com literatura, filosofia, música e às vezes conseguia virar pros lados da história, da política, das logias... isso era fato dado! era com isso que eu contava para ser alguma coisa bem multidisciplinar, mas de fato ligada a tudo de mais abstrato, construído pela mente e pela estética, por especulações tipicamente humanas sobre si e seu modo de perguntar, de desvincular o que cria do mundo referencial. MAS AÍ não sei o que aconteceu direito. só sei um pouco... é que agora tenho tanta preguiça, mas tanta. todo o investimento feito em livros de crítica literária, para chegar a sentir um certo repúdio mesmo. não é que inteligência seja ruim, é que informação pela informação passou a incomodar. afastar o mundo fez mal. parece..
e agora voltei a ler sobre física e cosmologia. ou sobre os seres vivos e seus arranjos de vida na terra, até mesmo a gente. ou, ainda, mais importante do que tudo isso: comecei a entrar em contato com isso tudo. visitar o mundo, dar a mão e cumprimentar os sapos, as lagartas e os inclassificáveis. pisar a terra, o capim, o cascalho, empurrar muito ar pra dentro, soltar agradecida. acho que essa parte até já fazia, mas agora é tão mais próximo. acho que antes havia algo sempre literário no contato que tinha com o mundo. até me agradava mais quando havia uma janela, ou uma tela. até viajava pouco e nem sentia falta.
e foi assim que passei a gostar das ciências exatas e naturais, mas só de raspão, por tenho desconfiança de que o que gosto mesmo é da natureza em si. preciso ficar atenta para não radicalizar, não virar bicho do mato completo, mas ai ai.. que saudade de uma bosta de vaca.
e tudo junto, veio também a vontade de usar o corpo, a consciência de que existe para servir um propósito e ser bem cuidado. e veio mais e mais avassaladoramente a vontade de tratar bem os que me são parecidos, que têm também corpo e propósitos, ser cordial. ser leve com tudo e todos, compreender a luta para acreditar nas mudanças por que a gente passa.
esse é o porquê do título deste post: quando a gente muda e conta pros outros, eles dificilmente acreditam mesmo. e agora eu conto pra mim e estou achando bem difícil de acreditar, também. mas como não sou pessimista e estou largando a parte cri cri para lá, prefiro lutar para acreditar do que para descreditar. o descrédito é filhinho do orgulho, não é uma boa! vou viver para crer, se estiver errada, começa-se tudo de novo. mas, provavelmente, passinho à frente.
feliz 2006 a todos e declaro aberto o novo ano letivo deste blog!