terça-feira, 1 de março de 2005

Cardeal Newman

era um cara que dizia que a universidade deveria formar pessoas:
“tem como objetivo aumentar o nível intelectual da sociedade, cultivar a mente pública, purificar o paladar nacional, fornecer os princípios verdadeiros para o entusiasmo popular e objetivos determinados para as aspirações populares, elaborar as idéias de seu tempo, facilitar o exercício dos poderes políticos e refinar o relacionamento da vida privada”.
Em parte, concordo com ele. Pensei bastante sobre isso durante meus anos de graduação, até quase comentei no discurso de formatura. Mas seria adotar uma atitude rebelde de que lutei para me livrar desde que passei no vestibular... Enfim, acho que de fato a universidade é cada vez menos um local de formação de mentes. Um outro cara chamado Flexner reclamou que elas eram “escolas de ensino médio, escolas vocacionais, escolas para formação de professores, centros de pesquisa, agências de fomento, empresas – estas e outras coisas todas ao mesmo tempo”. Elas realizavam “absurdos incríveis”, “uma vasta gama de coisas inconseqüentes”. Elas “se desvalorizaram, se vulgarizaram e se mecanizaram”. Pior de tudo, elas se tornaram “postos de serviço” para o público em geral”. Isso radicaliza mas expõe melhor o argumento do cardeal Newman.
Por outro lado, o ensino individualista do passado, concentrado em encontrar não necessariamente premissas, mas silogismos perfeitos e postulados grandiosos, já era. A contribuição da universidade para a pesquisa de saúde, alimentos, entre muitas outras áreas é importantíssima. Acho que deve haver uma combinação das coisas.
O cidadão precisa ser informado e polido, mas o polimento não precisa ter esse ar aristocrático que o Newman exala, deve ter à sua disposição mais instrumentos de escolha. Assim como o povão deve entrar em contato com um pensamento complexo ao qual não tinha acesso, os intelectuais devem tirar o gesso e procurar conhecer o chamado "simples", ou seja, os cidadãos devem ser formados para tornarem-se pessoas abertas à multidisciplinaridade e ao conhecimento integral, e não compartimentado horrivelmente como a universidade hoje em dia.
Um texto simplista pra uma questão complicada. Desculpem a seriedade da coisa. Queria por uma piadinha pra descontrair, mas tá na hora do almoço, preciso ir comer.

Um comentário:

contra disse...

eu, para não cair em precipitações niilistas de quem está terminando a graduação esse ano, prefiro ficar calado.