segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

Boa noite a todos os presentes.

Hoje não falarei apenas da denominação que nos é dada nesta cerimônia. Mesmo trabalhando em frentes diversas, somos unidos na invenção e renovação de nosso lugar. Sentimo-nos em casa tanto mais participamos de sua construção. O ser humano, ao adaptar a natureza a seus desígnios, constrói lugar nos rastros de não somente suas necessidades mas também de suas aspirações. Tal lugar está em constante transformação; pelo modo de ser de seu construtor, será questionado, analisado, apreciado, modificado. E é precisamente tal modo que permite que o lugar humano seja menos suporte físico do que condição, intermitente reflexão de si registrada em comportamentos, sentimentos, conceitos, imagens, mecanismos, formas, cores e assim por diante.
O olhar, portanto, é ferramenta de construção e interpretação. Deve desencadear a expressão da relação do homem consigo e com seu meio em veículos diversos; para o designer, em instâncias da vida prática.
Desatento é o que não vê a oportunidade de, nos mais discretos suportes, exercer a condição humana exclusiva, que é a de por em jogo o próprio modo de ser, reafirmar e celebrá-lo. Enriquecer aquilo que utilizamos e enxergamos todos os dias, coisas que nos acompanham e formam nosso léxico pessoal. Tal olhar, cabe também ao designer dele ser consciente em todas as horas, colher seu sofisticado material de construção. O olhar capta não apenas imagens, mas é atento a todos os sentidos e às idéias, tantas quanto possíveis; constrói primeiro pontes e, aos poucos, aprende a extrapolar seu material, inventa outros novos.
Neste momento não se encerra nosso aprendizado, é seu início que é afirmado e reconhecido, vêem-se apenas as primeiras veredas a serem percorridas no processo que será diferente para cada um. Até agora foram-nos dados instrumentos de naturezas diversas. Enquanto sobressai-se o viés técnico e metodológico de nosso ofício, para nós a convivência e troca de impressões sobre o que aprendemos e produzimos, ao menos neste momento é, sem dúvida, o maior destaque. Colegas, professores, funcionários: fomos pessoas que observam, interagem, conversam, questionam e crescem. Cada um em seu caminho, sem perder o outro de vista. Sem perder oportunidades de confrontação de idéias.
Hoje confirmamos, frente aos que de alguma maneira participaram de nossa trajetória, nosso desejo de contribuir com a construção do lugar em que vivemos. A construção conjunta para a qual nos sentimos agora mais aptos, de cuja necessidade e sofisticação somos mais conscientes; na qual começamos pela base, porém sem deixar de olhar para o alto. Hoje desejo a todos os colegas um percurso feito de incessante curiosidade sobre nós mesmos e nossas capacidades; que nossas escolhas, por mais diversas, jamais deixem de lado a vontade de pôr mãos à obra.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bravo! Gosto d egente assim, que apura oolhar e arregaça as mangas para pôr as mãos na massa e fazer o mundo mais belo, mais aconchegante. Acho vc brilhante e legível. Seu discurso é emocionante. meus beijos, com carinho, Valéria

Anônimo disse...

obrigada =)))
mas o melhor de tudo é que durou apenas 3 minutos!