sexta-feira, 19 de novembro de 2004

dez mais cinco dias

ou perto, desce o rio vermelho contínuo. quando para o que está parado não é o rio, mas é um fôlego em movimento, é o pulso da correnteza.
lava-se com sangue, dizem, lave-se com sangue, lave-se com sal.
vinte menos cinco dias ou talvez a metade. o fôlego de mesma duração, o expulso que não tarda ser engolido, movimento inoculado.
lava-se com sangue, dizem, lave-se com sangue, lave-se com sal.
tenho dois peixes, tive três, tenho dez vidas. nada no rio vermelho, nada o outro, repete para ganhar. repete para perder. não perde a correnteza.
nada-se com sangue, vivem, nade-se com sangue, nade-se com sal.
do seco corre nada corre substância, sobe e desce o rio. duas pontas nada encontradas, duas pedras de sal lapidadas. atravessa o rio pra margem, corre ao entremeio, passa pelo meio, passa e nada à vau.

2 comentários:

Anônimo disse...

pode, mas vai fazer parte da peça "Teresa" =)
ja incorporei...

Bogodes disse...

Não tenho palavra adequada a essas palavras de dez mais cinco dias.
Silencio apenas (admirando seria?), como diante de uma coisa grave que aconteceu.

Um bom acaso, a deusa certamente dos acasos, das chances que passam sem jamais voltar, permitiu-me segurar dela as tranças e, parece-me, encontrei suas letras. E foi bom elas letras suas, ou sejam o que sejam, terem me acontecido assim.