questões que sempre me acometeram concernentes ao escrevimento de blog.
aí:
• como criticar sem parecer recalque?
• como manifestar uma insatisfação geral e não parecer específica?
• como alimentar um blog que é pessoal e não quer ser superexposto?
interessante como nossa vida individualista (segundo já discuti um pouco em outros posts) também tende a direcionar reclamações a especificidades, e a condenar críticas diretas. elaboro: se posto um poema da adélia como o do post abaixo, pode parecer que de fato estou chorando ou esperando um 'ele' específico. nenhuma das duas afirmações é verdadeira. ambas são específicas. o efeito mais geral do poema, no entanto, é bem mais rico do que isso e responde melhor ao que eu gostaria de expressar. outra: se tenho uma crítica a fazer sobre o comportamento de um grupo de pessoas (seja lá o tamanho, pode ser uma dupla de amigos ou a sociedade ocidental... ou os representantes de um gênero), o fato de ser uma crítica por si só muitas vezes qualifica o proponente de recalcado. claro, às vezes existem outras razões para que seja rotulado dessa forma. mas sim, nossos indivíduos não estão abertos a críticas, seja a eles mesmos seja àqueles que lhe são semelhantes.
está aberta a discussão.
terça-feira, 17 de abril de 2007
segunda-feira, 9 de abril de 2007
A serenata
Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mão incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobro
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
— só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
Adélia Prado
ele viria com boca e mão incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobro
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
— só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
Adélia Prado
quinta-feira, 5 de abril de 2007
ainda malcriada
hoje fiz uma torta de ratatouille com cream cheese e massa integral com castanha de caju e ainda por cima pus a mesa e lavei a salada e ninguém veio almoçar!
bastardos!
não gosto de cozinhar pra fantasma!
=D
bastardos!
não gosto de cozinhar pra fantasma!
=D
segunda-feira, 2 de abril de 2007
profecia malcriada do dia
não adianta ser legal, ser o máximo, ser exemplar.
se você, MULHER, está numa relação (seja de um dia seja de anos) com um homem, vai sempre estar em posição de desvantagem. quero dizer, no relacionamento. mas, é claro, pode sempre ser uma pessoa que mantém suas próprias vantagens.
ele vai sempre ter mais boa vontade com os amigos. vai ter coragem de ter sentimentos pelos amigos. até pelo cachorro. mas por você, vai se borrar. você vai ser sinônimo de fardo, mesmo nas horas boas. elas serão interpretadas como um problema, pois se ele ficar mal-acostumado, pode acabar se comprometendo de verdade.
aquelas meninas desinteressantes de repente vão ter alguma coisa que o instiga.
ele vai se sentir nobre, no entanto, ao lhe deixar e dizer que foi melhor assim, que ele não te faz bem.
e quando eles lerem posts do teor deste, ou ouvirem isso pelo telefone, vão achar que você é desesperada. não vão considerar a possibilidade de você saber estar bem sozinha, mas querer lutar por melhores condições quando não estiver sozinha.
qualquer conversa sobre isso será desespero. será carência, na visão deles.
é assim: o mundo tá aí sofrendo consequências da ordem mundial e quem quer lutar contra isso é chamado de ecochato. pois bem. os relacionamentos também estão uma bela merda e quem quer lutar contra isso é chamado de carente.
se você, MULHER, está numa relação (seja de um dia seja de anos) com um homem, vai sempre estar em posição de desvantagem. quero dizer, no relacionamento. mas, é claro, pode sempre ser uma pessoa que mantém suas próprias vantagens.
ele vai sempre ter mais boa vontade com os amigos. vai ter coragem de ter sentimentos pelos amigos. até pelo cachorro. mas por você, vai se borrar. você vai ser sinônimo de fardo, mesmo nas horas boas. elas serão interpretadas como um problema, pois se ele ficar mal-acostumado, pode acabar se comprometendo de verdade.
aquelas meninas desinteressantes de repente vão ter alguma coisa que o instiga.
ele vai se sentir nobre, no entanto, ao lhe deixar e dizer que foi melhor assim, que ele não te faz bem.
e quando eles lerem posts do teor deste, ou ouvirem isso pelo telefone, vão achar que você é desesperada. não vão considerar a possibilidade de você saber estar bem sozinha, mas querer lutar por melhores condições quando não estiver sozinha.
qualquer conversa sobre isso será desespero. será carência, na visão deles.
é assim: o mundo tá aí sofrendo consequências da ordem mundial e quem quer lutar contra isso é chamado de ecochato. pois bem. os relacionamentos também estão uma bela merda e quem quer lutar contra isso é chamado de carente.
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