sábado, 31 de março de 2007

surgir de novo

depois de terminar. nesse sentido, o verbo cognato em inglês tem carga mais certeira: to terminate. cessar.

auto-cessar, depois surgir de novo, isso que quis dizer. ainda com o momentum do purgatório, tudo se mexendo como fosse para sempre imitar passos, ritmos do antes. tudo embaraçado, em busca de arejar, de chão.

encontrar a força da leveza, como queria gilbert keith, é sempre uma delícia. uma lindeza. encontrá-la confirmada em feições, dentes e mãos. os dois primeiros, reconhecidos, as últimas, reencontradas.


adendo de última hora: e cessar novamente. em automática rejeição de mãos, olhos e, principalmente, dentes.

fedem.

terça-feira, 20 de março de 2007

tem alguma coisa nessas entrelinhas? (is there anybody in there?)

Às vezes fico paralisada por perceber que sinto coisas padrão sobre relacionamentos e gostar de alguém. Tenho vergonha de sentir certas vontades.
O que será que realmente acontece com as pessoas que se distanciam desses sentimentos? Será que conseguiram se soltar da influência de meios de comunicação e afins ou será que sofrem uma deficiência emocional?
Por que preciso inclusive ter esse questionamento? Relacionar-se poderia ser uma coisa tão natural, tão benfazeja. Poderia não requerir nem o uso da palavra 'sentimento', de tão natural. E sei que muitas pessoas por aí também sentem culpa pela própria indulgência com romances.
Conheço muita gente que não se apaixona. Daria tudo pra saber como é isso. Já achei que fosse assim, mas não era. Não sei se abraçaria a causa, mas gostaria de genuinamente entender o mecanismo.
Parece tão estúpido que, mesmo me decepcionando com as pessoas diariamente, ainda seja capaz de querê-las por perto, algumas quero tanto que fico sem graça.
Entendo a vontade de ter espaço e ficar sozinho. Aliás, preciso disso muito também, e não acho que exclui relacionamentos. Então não é essa a resposta para não se apaixonar. Gostar de ficar sozinho.
Ao mesmo tempo também não entendo quem se apaixona meio incondicionalmente por aparências, estereótipos. Nem vou comentar essa parte.
E acho muito, muito esquisito como existem pessoas imensamente apaixonáveis por aí que acabam sempre sozinhas.
O que acontece com o mundo dos relacionamentos? É ridículo?
É a coisa mais assustadora de que se tem notícia?
Na verdade, embora pareça o contrário, estou falando de qualquer relacionamento, qualquer forma de paixão. Seja coisa familiar, ou de amizade, ou de formar casal, ou por uma idéia, enfim, qualquer uma. E não estou falando de impulsividade, muito embora seja difícil descrever em palavras a diferença entre um movimento apaixonado e um impulso ensaiado. Sim, ensaiado pela grande influência do comportamento que se espera, do que se vende na mídia, do que é mais fácil, do que é mais aceito. Me cutuquem para mais sobre isso, se for o caso. Também não posso largar a questão assim, sem mais.
Repetindo: o que acontece com o mundo de relacionar-se?
Será que ruiu porque as pessoas não se aguentam mais? A não ser por muito pouco tempo, ou com pouco contato?
O que acontece com as pessoas? São chatas? Não produzem mais nada interessante? Não se comunicam mais porque não têm o que comunicar?
Não deixam outras olharem fundo porque elas mesmas não querem olhar fundo e ver que não existe nada lá dentro?
O que existe mesmo por detrás da janela do browser no orkut? Por detrás do discurso do msn, do papo-água das festinhas, dos artigos e desabafos em blogs, das matérias de revista, das conversas casuais no elevador, dos comentários sobre filmes, das roupas e sapatos, dos top 10, dos set lists, dos depoimentos, dos copos de cerveja, das escolhas de carreira, das decisões de vida adulta, das fotografias, do que convencionalmente se chama arte...?
Espírito? Existe isso ainda?



as entrelinhas por aí estão endurecidas, e não quero dizer só na literatura barata. dói tanto, as entrelinhas do mundo não vibram. quem se dispõe a polir?

será que estou querendo heroísmo e não o fim a que se destina o ato heróico? tem diferença? quem quer que eu pare de fazer perguntas?
=D

segunda-feira, 19 de março de 2007

homenagem aos mini-suicidios

e depois da morte, um mundo novo-velho.
colhido da vida, mas sempre sobrenatural...
de dia, desmembramento. de noite, a verdadeira reação, nos sonhos.

a eles:

(akron/family)

"Thinking of you
There's lightning bolts in my chest
I know you know
I think our love is the best

If you have to stay
I'll be on the water
Catching the next wave
You can meet me where it breaks

Dream, dream, dream
Dream, dream, dream"


(para uma idéia auditiva do que estou querendo dizer, vá até minha página no last.fm e escute a minha playlist 'homenagem para os pequenos suicídios')