assolam-se-lhe as órbitas e encavam-se-lhe as têmporas. transfigurada, sua trajetória pelo percurso inexoravelmente sem curvas do desespero. a imagem, perfeitamente feita de retas, vazios, ausência de cor, a única refletida nos ocos dos olhos.
distantes, não se sabe se a percorrer o ar ou a memória, vestígios sônicos, timbres. seus pavilhões despedaçados, ambos, a ensaiar recomposição, sofregamente, há que escutar. não é preciso alimento, não, não se quer água, quando se tem as vozes dos seus santos pessoais. são eles – sim, explique-se – miudezas em suas imperfeições, unidades cada qual com seu pedaço de afeto. aquele dado por seus iguais é em forma de atmosfera, permeia seu espaço sempre compartilhado e ele não se questiona. é dado, está lá, ninguém fala nisso.
aquele estendido por suas contrapartidas não se aceita de fato, volume que se apresenta e tem peso. não é atmosfera. exige-se que se fale dele. será? tem peso. em sua santidade, não os impedir de fluir é mais importante do que descarregar-se de tais volumes.
delírios de envolver o panteão com toda a potencialidade do universo. de celebrar e entregar-se sem reserva alguma. assim mesmo, servir, suprimir tudo o que é seu, ser o copo mais perfeito para dar de beber. já que não se pode beatificar.
essa não-tão-contrapartida se aproxima, é certo, ela é capaz de tocar o sacro, e até mesmo de, ao assim proceder, não profaná-lo. mas os volumes, estes serão sempre dela. se assim desejar seguir, nem santa nem contra, a deformar-se mais e mais, transtornar-se a si mesma. confundir-se com os volumes. produzi-los, publicá-los. proteger os santos contra eles, não sujar suas epifanias, transformar em código, cifrar: aqui. mais e mais.
terça-feira, 16 de janeiro de 2007
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6 comentários:
os santos reverberam nas modulações do eu. promovem as conexões dos padrões que conectam. eles nos pegam pelos pés, pelos solados dos pés. não há escotilha que reparta o corpo ao meio sem brecha, sem ponto de fuga. sem deixar sinal de refluxo ou de impulsividade, enfim. nada malsão. são as palavras de vento, fora dos códigos, imprecisas, que se oferecem ao reconhecimento, reconhecimento instável, sem hierarquias, sem assimetria, apenas o outro quem de alguém, o rir sem se explicar. a informação cifrada não é o dado. é a preponderância dos termos sobre as relações. quem, fragmentos? quem, você? Universo raro? Universo profuso? O volume foge do ruído? Blue Nile para ti.
o volume muitas vezes, sim, foge do ruído. vê o ruído como algo de outra ordem, porque produzido pelos santos. se bem que, em geral, os volumes nascem hereges.
ou será que eu (confesso: sou contrapartida) com meu volume que elegi as santidades?
quando a gente vai tomar vergonha e sair p conversar? Bjos
nem sempre as coisas necessitam de nosso reconhecimento. há gratuidade nelas, no mundo físico-químico, por exemplo. as diferenças são o modo que encontramos de não nos espatifarmos contra o real. é bom viver como se faz música. produzindo música. já leste Os cinco sentidos, de Michel Serres?
de fato, nem sempre precisam... esse post tinha um propósito cifrado que preciso deixar de lado para concordar contigo. mas você tem razão, textualmente falando... azar o meu que pus um conteúdo birrento nele. hehe.
sobre viver como se faz música............ é tudo o que desejo.
não li, que tal?
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