Veio uma vontade de escrever algo que se refere ao mundo real, após dois eventos: uma conversa no carro, ontem, e uma leitura de blog, hoje.
Li o último post da Dani Guima, sobre o referendo, no qual ela expõe diferentes argumentos para cada voto possível. Gostei muito da precisão e simplicidade do texto, e alguns argumentos me fizeram lembrar de uma conversa que tive ontem com o Sr. Respectivo. Recebi uma boa explicação do porquê de ele acreditar na liberação das drogas. Pode ser até um argumento simplista, talvez um pouco ingênuo, não sei... Mas ele disse que tal medida provavelmente acabaria com o narcotráfico, que é um freio brutal ao desenvolvimento do país. Gasta-se muito com a repressão ao tráfico, mais do que se gastaria com educação preventiva – na verdade, educação como um todo – e, talvez, com o tratamento de drogados. Além disso, penso eu, há o problema do narcotráfico como chaga social: ele é violento e demanda medidas violentas pela polícia, ele propicia verdadeira guerrilha urbana em alguns locais que nem preciso mencionar e, ainda, funciona como qualquer negócio ao tentar angariar clientela, falo de aliciamento de menores para o mundo das drogas, o que os torna dependentes dos traficantes. O Sr. R., assim como eu, é contra as drogas e não as usa, mas acreditamos que a diminuição de seu consumo deve vir da educação e não da repressão.
Enfim, talvez o desarmamento e a descriminalização das drogas possam ser medidas que se complementam. Ou seja, acredito que os argumentos contra o desarmamento têm fundamento, e entendo os que dizem que o referendo é algo como querer parir um bebê no terceiro mês de gestação (ver texto da Dani), mas não deixo de apoiar o desarmamento como uma das várias medidas a serem tomadas em direção da melhoria social deste País.
Ah, só mais um comentário breve: é interessante parar para refletir como, em várias ocasiões, as medidas levantadas pelos governos (no plural, considere-se não só o governo federal como também estadual/municipal) são paliativos ou distorções de algum processo cuja raiz está, invariavelmente, na educação. O quanto não se gasta com obras como a transposição do Rio São Francisco – ainda mais se for levado em conta o indefectível desvio de verba – enquanto se poderia investir na formação de pessoas mais capazes de exercer uma democracia que faça sentido, na qual cada um é de fato capaz de escolher e opinar. Não sou contra a transposição, ok? Mas sou contra o trajeto dela e as politicagens envolvidas...
sexta-feira, 7 de outubro de 2005
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Um comentário:
Maíra, concordo com vc em gênero, número e grau. Também sou totalmente a favor da discriminalização das drogas. E vou votar SIM no referendo de alma limpa. Voto por um conceito. Voto (podem rir) pela vibração desse ideal de um mundo sem armas. É nisso que acredito! Beijos e te agradeço por me ler e me recomendar. Dani Guima.
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