segunda-feira, 11 de julho de 2005

Os Versos de Ouro - Pitagoras de Samos

1. Primeiro honra os Deuses Imortais, como estabelecido e ordenado pela Lei.
2. Reverencia teu Juramento e, então, os Heróis, plenos de bondade e luz.
3. Honra igualmente os Espíritos Terrestres em respeito manifesto segundo a Lei.
4. Honra em conformidade teus pais, e aqueles mais próximos a ti.
5. Entre os homens, faça teu amigo o que se distingue por sua virtude.
6. Alimenta-te de suas palavras suaves e segue o exemplo de seus precisos e virtuosos atos.
7. Evita ao máximo odiar teu amigo por uma pequena falta.
8. [Assim, entenda que] o poder é limitado pela necessidade.
9. Saiba que tais coisas são assim como as reporto; e acostuma-te a superar e exinguir as seguintes paixões:
10. Primeiro gula, preguiça, luxúria, e raiva.
11. Nada faça de maldoso, estejas só ou na presença de outros;
12. Mas, acima de todas as coisas, respeita a si próprio.
13. Depois, preserva justiça em tuas ações e palavras.
14. E não viva sem regra ou razão, observa o perigo da comodidade.
15. Mas sempre reflita em que, ordenado pelo destino, o homem irá perecer.
16. E em que os bens da opulência são incertos; assim como se pode adquiri-los, podem ser perdidos.
17. As calamidades a que o homem submete-se por intervenção divina,
18. Suporta com paciência, quaisquer sejam, e delas não guarde rancor.
19. Mas emprega o que puderes em remediá-las.
20. E pondera que o destino não rege a maior parte dos infortúnios do homem.
21. Argumentos existem vários entre os homens, bons e ruins;
22. Não os admira facilmente, nem tampouco os rejeita.
23. Se te deparas com falsidades, escuta-as com suavidade e arma-te de paciência.
24. Observa bem, em todas as ocasiões, o que aqui exponho:
25. Não se permita seduzir por homem algum, seja por suas palavras ou seus atos.
26. Tampouco te ponhas a falar ou agir sem que sejas com isso beneficiado.
27. Pondera e delibera antes de agir, modo a não incorrer em atos tolos.
28. É próprio do homem miserável falar e agir sem reflexão.
29. Faça o que não te afligirá no futuro, e nem te corroerá em arrependimento.
30. Jamais faça o que não compreendes.
31. Mas aprenda tudo que deves aprender, e por meio disso regalar-se-á de uma vida prazerosa.
32. De forma alguma negligencia a saúde de teu corpo;
33. Mas dá-lhe bebida e comida em medidas apropriadas, assim com o exercício de que necessita.
34. Entenda que os extremos não lhe serão salutares.
35. Acostuma-te com uma vida decente e ordenada, livre de luxúria.
36. Evita tudo o que ocasione inveja.
37. E não seja pródigo fora do tempo, saiba ser decente e honrado.
38. Tampouco seja invejoso ou avaro; a justa moderação é excelente em ambos os casos.
39. Faça apenas o que não te prejudicará, e delibera antes de proceder.
40. Jamais permita que o sono lhe cerre as pálpebras, ao deitares,
41. Até que tenhas examinado, com a razão, todas as ações de teu dia.
42. Em que falhei? Em que agi corretamente? O que deixei de fazer que deveria ter feito?
43. Se em teu exame descobrires falhas, seja severo em tua reprimenda;
44. E se houveres acertado, alegra-te.
45. Pratica largamente todas essas instâncias; medita bem sobre elas; deves amá-las com todo o coração.
46. Elevar-te-ão ao caminho da divina virtude.
47. Juro sobre aquele que transmitiu às nossas almas o Quaternário Sagrado, a fonte da natureza, cuja causa é eterna.
48. Mas jamais inicia quaisquer trabalhos até que tenhas primeiro rogado aos deuses que realizes o que estás prestes a empreender.
49. Quando fizeres de tal procedimento hábito familiar,
50. Absorverás a constituição dos Deuses Imortais e dos homens.
51. Até mesmo o quão diferentes os seres podem ser, o que contêm e o que lhes é comum.
52. Saberás, em conformidade, que, de acordo com a Lei, a natureza deste universo é em todas as coisas una,
53. E assim não desejarás o que não deves; e nada neste mundo será escuso para ti.
54. Entenderás, assim, que os homens trazem infortúnios para si voluntariamente, por seu livre-arbítrio.
55. Infelizes que são! Não enxergam e nem entendem que o Bem está próximo a eles.
56. Poucos sabem manejar-se para longe de suas desventuras.
57. Tal é o fim que cega a humanidade e priva-a de seus sentidos.
58. Sob imensos cilindros que rolam avante e em retrocesso, sempre oprimida por males inumeráveis.
59. Por sua desunião fatal e inata, perseguem-na em toda parte, atirando-a para cima e para baixo sem que os homens percebam.
60. Sem provocar ou acelerar tal movimento, devem, ao entregar-se, evitá-lo.
61. Oh! Zeus, nosso Pai! se Tu livras todos os homens dos males que os afligem,
62. Mostra-lhes de que espírito lhes é conveniente fazer uso.
63. Não temas; a raça do homem é divina.
64. A sagrada Natureza desvela-lhes os segredos mais encobertos.
65. Se ela lhe comunica os mistérios, facilmente praticarás tudo aquilo que hei lhe ordenado.
66. E, pela cura de tua alma, a libertarás de todo mal, de toda aflição.
67. Mas abstêm-te das carnes, que hemos proibido nas purificações e na libertação da alma;
68. Faça delas justa distinção, e examina bem as coisas.
69. Deixa-te guiar e dirigir pelo entendimento superior, que a tudo orienta.
70. E quando, após o desenlace de teu corpo mortal, alcançares o puríssimo Étereo,
71. Serás então um Deus, imortal, incorruptível, e a Morte não mais terá domínio sobre ti.

Tradução de terceiro grau: MMG.

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