sábado, 21 de maio de 2005

chamada interna

Se um dia deus ou o diabo aparecessem pra mim e me anunciassem que preciso apagar uma parte da minha vida, entre as duas seguintes: crítica literária e filmes de entretenimento, eu preferiria apagar a crítica literária. A cada dia que passa mais me convenço de que não seria capaz, por exemplo, de ter como companheiro de vida uma pessoa cujas afinidades comigo sejam fundamentalmente intelectuais. Não é que não goste de falar sobre literatura, mas prefiro fazê-lo pouco e em círculos "formais", com amigos não quero. E gosto de estudar sozinha. Gosto de produzir textos, mas não tenho vontade de falar sobre eles. Acho que o que isso contribui na minha personalidade é basicamente o fato de que tenho paixão pelas palavras. Mas é uma paixão tão honesta que não sinto vontade de falar sobre isso com ninguém, pra mim basta fazer as palavras falarem por si, nos textos (nos cifrados). O que aparece e eu gosto de mostrar dessa paixão é ser apaixonada pura e simplesmente. De um jeito intransitivo.
Prefiro falar sobre filmes, adoro falar sobre música, sobre toda e qualquer porcaria engraçada que aparecer, papo nonsense é comigo mesmo e não gosto de coisas protocolares. Quando encontro com meninas, prefiro falar sobre cabelos do que sobre a última exposição. Quando vou ao CCBB, vejo as exposições super rápido, não tenho muita paciência, prefiro a parte de sentar no café e conversar sobre os erros de português engraçados do cardápio.
Não quero que meu determinante seja uma lista de nomes de peso, um vocabulário de títulos e uma circunscrição num universo mais ou menos fechado com o nome de "maturidade" ou "intelectualidade" e afins. Não pode ser isso o que vai me encaixar em vagas emocionais por aí.
Prefiro um vocabulário de atitudes, reações e interações: gestos, expressões, piadas, afetos, repulsas, compartilhamento, reclusão.

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