quinta-feira, 6 de janeiro de 2005

HSIEN, 31

dear abby,

a carta verdadeira é a que foi publicada. a escrita antes dela é uma tentativa de estabelecer comunicação ordinária. a+b. só que não gosto de tratar as coisas que me tocam de forma ordinária. se dependesse de mim, quase tudo na minha vida seria extraordinário. quem sabe um dia chego lá.
ontem (hoje) de madrugada comecei a escrever mais uma carta, mesmo antes da resposta, como já está virando costume =)
chamaria-se HSIEN, seria esse o título que eu poria. ela começaria assim:

"Uma daquelas respostas que sempre quis obter. Ela veio, não para afligir, mas para acalmar. Alimentar a confiança. Confiar em diversos caminhos possíveis. Deixa sair, assim como deixou entrar. É bom e bonito o movimento de boas-vindas, e foi quase inesperado, coisa que só se toma nota depois que acontece."

mas estava esgotada, não terminei.
hoje saí de casa decidida a ampliar a distância. a recalibrar as distâncias. porque são várias e diferentes. algumas delas estão sendo contidas por essas cartas, cartas e muitas vozes que fazem tocar extremidades. extremos são atraentes. temíveis, atraentes, distantes, triunfos. mas também cargas, pontas, objetos cosmológicos. campos magnéticos.
eu tenho vontade de explorar os extremos. mas tenho medo. enquanto me atraem e repelem, sinto-me preenchida e radiante.
mas volta a mim a idéia da ampliação. talvez eu possa fazer dela algo extraordinário também, e assim abraçar essa idéia com mais força. abraçar a amplitude da decisão de dar um passo atrás. honestamente, me ocorreu agora que a amplitude está em toda parte, passo a frente passo atrás, sempre o espaço. o mundo é largo. é longo. é pontual. pensa: america. o quão amplo é esse signo, esse ponto america. o quão longo. seu percurso pontual e deliciosamente comprido?

acho que mais dia menos dia vou ter que te mostrar a carta falsa. talvez o ordinário tenha que emergir. já devia ter emergido, de acordo com a lei planetária. perdoe-me por meu gosto abusivo pelo extraordinário. realmente espero que você me possa perdoar. não é fácil, mas é extremamente atrativo ter que agir em terreno alienígena, estranho, volúvel, feito de expectativas e julgamentos, um pouco de impressões. sem poder medir exatamente o grau de interação. sendo um parâmetro incerto.

só mais uma pergunta: como você soube, abby abby, que a carta era pra você?

Um comentário:

Anônimo disse...

dear margot,

primeiro vem a dúvida, depois um fio de incerteza, mais além uma segunda opinião. eu só pulei num abismo desconhecido, arrisquei. não sabia, só suspeitava.

o alívio das boas vindas foi realmente notável.

perdoe-me pela pobreza de minhas respostas, elas são feitas assim, enquanto você toma banho, enquanto você não está online, em oportunidades que aparecem quando não sei se terei ao meu alcance papel e caneta, ou um teclado e uma tela.

hoje à noite é possível que também amplie distâncias, mas outras que não essas das cartas.

abby