quando era criança, lia todos os livros de criança meus, dos meus primos, dos meus amigos, o que aparecesse. até às vezes tentava "escrever" livrinhos.
quando era pré-adolescente, fiz aula de teatro e sapateado. era melhor no primeiro, bastante boa, mas também nada má no segundo.
quando era adolescente, comecei a fazer aula de guitarra e aprendia tudo bem rápido. era boa aluna.
quando entrei na universidade, comecei a desenhar mais por causa do curso. desenhava bem, tinha técnica razoável e inventividade.
quando me decepcionei com meu curso, fui paralelamente fazer oficina de produção literária, e escrevia bem. além disso, entendia muito bem as teorias e críticas literárias.
um pouco depois, achei que pudesse viver uma disciplina filosófica um tanto quanto platonista, seria uma espécie de freira, uma asceta.
também aprendi a cozinhar e o faço muito bem, mas tenho pouca disposição no dia-a-dia.
não realizei nada em nenhuma dessas frentes.
hoje leio menos, escrevo só resmungos no blog, teatro só o bloomsday, guitarra? algo de pífio, desenho nunca mais, crítica literária abandonada em nome de lidar com coisas do mundo real, filosofia uma incerteza.
mas não cheguei nem mesmo a alcançar essas coisas do mundo real. nem a escolher. de fato, me sinto instigada a trabalhar com consumo consciente, desenvolvimento sustentável, questões socioambientais e/ou populacionais, etc. mas e daí? já me senti atraída a fazer outras coisas.
talvez tenha cansado de pensar.
nesse ponto, se eu fosse outra pessoa que não eu mesma, perguntaria para maíra: mas qual seria o seu cenário ideal? vamos definir um objetivo, ainda que utópico.
(pensando)
eu diria que algo na vizinhança de: estaria maíra muito cordial e feliz com sua família, rodeada de amigos com boas intenções e, é claro, indo ao banheiro todos os dias. ela trabalharia diretamente com práticas de conscientização sobre consumo e hábitos sustentáveis, viajaria pra conhecer costumes tradicionais de quem já faz essas coisas há muito tempo e fora da civilização. saberia teoria musical bastante, tocaria muito bem violão e guitarra e arranharia umas composições. escreveria letras para suas músicas. faria trilhas para se exercitar, também ioga e dança. continuaria lendo suas intelectualidades, em privado. cozinharia sempre. saberia se impor. saberia o que lhe dá prazer. não fingiria.
por mais que todas essas coisas sejam factíveis e não envolvam impossibilidades como "ir até marte" ou "ter um unicórnio" ou "ser homem", elas parecem muito próximas e distantes ao mesmo tempo.
próximas porque passo os dias na internet pesquisando sobre as melhores formas de realizar tudo isso.
distantes porque não há nenhum sinal de que nada disso irá começar a acontecer. com dupla negativa e tudo o mais.
sinto falta de comprometimento. como escolher? como me comprometer com algo? um monte de influências me distraem. a vontade de agradar pessoas que nem sempre faz sentido querer tanto agradar me desvia. desvia do que? perdi de vista. sei lá.
quarta-feira, 11 de julho de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
ai maíra acho q esse é o novo mal do mundo, essa distração toda, essa fluidez da vontade. isso torna meus dias ansiosos e frustrantes, os seus tb? espero que não.
passo exatamente pelo problema do seu ultimo parágrafo.
desviar do que?
nem lembro mais
Olá.
Meu nome é Tarso do Amaral.
Estava procurando alguma coisa sobre o James Joyce no Google e caí no seu blog.
Li seu último post e acho que muita gente tem passado peo mesmo.Mas também acho que tudo o que fazemos tem prós e contras. E sempre vão existir muito mais pessoas, situações e verdades pra te mostrar o quanto você está errado em acreditar no que acredita, em fazer o que faz e negar o nega. De qualquer forma, acho que cabe a nós mantermo-nos firmes no que achamos certo.
O que podemos perder? É mais ou menos do que ganhamos ignorando-nos? Acredito firmemente que é muito mais.
Um grande abraço e não esquenta muito não que essas dúvidas passam... o legal é perceber as respostas que se nos apresentam.
qualquer coisa:
www.flogao.com.br/tarso
p.s. foi mal aí a intromissão.
E essa peça "Bloomsday", do que trata?
t+!
Postar um comentário