segunda-feira, 2 de abril de 2007

profecia malcriada do dia

não adianta ser legal, ser o máximo, ser exemplar.

se você, MULHER, está numa relação (seja de um dia seja de anos) com um homem, vai sempre estar em posição de desvantagem. quero dizer, no relacionamento. mas, é claro, pode sempre ser uma pessoa que mantém suas próprias vantagens.

ele vai sempre ter mais boa vontade com os amigos. vai ter coragem de ter sentimentos pelos amigos. até pelo cachorro. mas por você, vai se borrar. você vai ser sinônimo de fardo, mesmo nas horas boas. elas serão interpretadas como um problema, pois se ele ficar mal-acostumado, pode acabar se comprometendo de verdade.

aquelas meninas desinteressantes de repente vão ter alguma coisa que o instiga.

ele vai se sentir nobre, no entanto, ao lhe deixar e dizer que foi melhor assim, que ele não te faz bem.

e quando eles lerem posts do teor deste, ou ouvirem isso pelo telefone, vão achar que você é desesperada. não vão considerar a possibilidade de você saber estar bem sozinha, mas querer lutar por melhores condições quando não estiver sozinha.

qualquer conversa sobre isso será desespero. será carência, na visão deles.

é assim: o mundo tá aí sofrendo consequências da ordem mundial e quem quer lutar contra isso é chamado de ecochato. pois bem. os relacionamentos também estão uma bela merda e quem quer lutar contra isso é chamado de carente.

7 comentários:

fernanda . disse...

Me identifiquei muito, muito mesmo com esse post, Maíra. Concordo com absolutamente tudo que você escreveu.

Não tenho nada a acrescentar com esse cometário, mas gostaria de confessar que não sei mais se vale a pena lutar contra isso ou se devemos apenas ceder a essa tendência e aprender a nos conformar com a situação.

E isso soou muito deprê, eu sei, mas enfim... Hehe

:*

Anônimo disse...

Pois é, Fê... esse foi o contexto do post. Um incômodo que soa como deprê mas não é bem isso. De qualquer modo, aproveito o comentário pra dizer que não foi um post inspirado em nenhuma situação específica. Mas sim num apanhado de situações que registrei, sejam minhas ou das amigas. Soou raivoso. Na hora que escrevi senti algo intenso sim, mas não foi direcionado a ninguém. Isso que é o pior, né? É que vale para tantos... Se fosse um só, a gente linchava em praça pública. =D
Enfim, também não sei se vale a pena lutar. Fica aí o post, vamos ver se outras meninas se pronunciam.
=***

Anônimo disse...

Vou me pronunciar por solidariedade feminista! Mas, gente, não se muda nada com idéias de linchamento, hem
isso aí só mudando pressupostos do dia-a-dia, com muita DR!!! hehe, e se ele for inseguro o suficiente pra não aceitar de coração todo o potencial libertador de verdadeiras DRs (e nós também), é ir pro próximo da fila, sem perder a esperança hehehehehe...
Hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás!

Ana Lopes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana Lopes disse...

Estou escrevendo neste post meio atrasada, mas se você ler é lucro.
A algum tempo eu concordaria completamente com este post, mas hoje vejo que não é bem assim. Por anos de repressão, nós mulheres ficamos na defensiva e achamos que "eles" estão achando coisas que não são verdade. Bem, isso muitas vezes é coisa de nossas cabeças e defesas, e não chega nem perto da realidade. Conheço muitos relacionamentos em que os homens é que estão nesta posição de desvantagem, como conheço relações que são as mulheres neste papel. há também os relacionamentos que não tem esse tipo de situação, mas neste tipo de relacionamento há muito amor, respeito e vontade de estar junto do ser amado, e isso existe, também conheço muitos relacionamentos assim.
Boa sorte nos seus relacionamentos com o sexo oposto, eles também são capazes de amar. E amar bem.

Natalia Jung disse...

carente e mais: careta, romântico, esquádrico, santo, idealista, utópico, anjo, tango.

Gostei! Aliás, gosto muito de suas palavras, em geral!

abrç
Natália

Anônimo disse...

uau! conheci seu blog hoje.. estou gostando muito do que estou lendo!
é... fazendo um apanhado deste post e de outras coisas que vc escreveu,tenho a dizer que tbm concordo com você nesse sentido dos homens nos verem enquanto uma "classe" de pessoas: mulheres com todas as carências e paranóias e desesperos pelo sexo oposto que a sociedade atribui às pessoas que têm órgão genitais femininos.
sim, muitos deles nos vêm assim, mas acredito na possibilidade de existência de homens diferentes, ou que possam aprender na convivência com mulheres como eu, como você, com a iza...
sei lá, é uma opinião mesmo, porque as verdades são instáveis também, mas o parendizado é constante e quer saber? um cara que não mudar nem um pouco na convivência com pessoas apaixonáveis e que se interessam por questões da ordem da articulação espiral dos conhecimentos e auto-conhecimentos, não são companheiros que valham a pena compartilhar a vida.
bem falei muito rss enfim, não acho que esse tipo de atitude aconteça só entre homens e mulheres. acho que é um problema de entendimento dos papéis de gênero mesmo, que as pessoas insistem em atribuir a um sexo ou a outro. em muitos relacionamentos homossexuais alguém arca com o 'imutável papel da mulherzinha (eu odeio essa expressão) carente e desesperada por afetos e mimos' e a outra pessoa com 'o imutável papel do homem guerreiro, protetor, desbravador e muitas vezes ulisses...' talvez o interessante seria desconstruir esses papéis, sabe? encontrar alguém que não tenha isso definido na cabeça, no coração, nas palavras, no modo de comer, de sentar, de andar... ah enfim! no modo de viver mesmo.
bom, é isso
estou adorando seu linguado!
abraços feministas!